A 7ª Turma do Tribunal Regional
do Trabalho do Rio de Janeiro condenou a TNL Contax a indenizar em R$ 10 mil
uma operadora de telemarketing por cárcere privado (processo número
0001357-08.2010.5.01.0003). A funcionária da empresa foi impedida de sair do prédio
onde trabalhava quando faltou energia elétrica, mesmo depois de soado o alarme
de incêndio e um cheiro de queimado. Segundo o processo, gestores da empresa
instruíram a brigada de incêndio para que não deixassem ninguém sair e
mantiveram os acessos bloqueados. A empresa nega o cárcere privado e diz que
não houve curto-circuito ou odor de queimado.
A decisão foi tomada no mês
passado, mas veio a público nesta semana. O gancho é ótimo para retomar uma
discussão já travada aqui. Os trabalhadores de telemarketing são a ponta de
lança do mau atendimento prestado pelas empresas no país. É o pessoal treinado
para segurar a insatisfação, não deixando o problema subir para onde não há
baia apertada e sim sala com vista. A função é semelhante ao capataz que fica
entre o senhor e os escravos, que entende perfeitamente e concorda com a
reclamação do consumidor, porque é um deles, mas tem que cumprir ordens para
sobreviver.
Ou, melhor, regras que foram
entregues a eles em duas tábuas de pedra sob o título: “para ser aplicado, não
questionado”. É como a fórmula de Bhaskara na escola: você não entende como
chegaram naquilo, mas usa mesmo assim para passar de ano. É a alienação
completa do trabalhador, que não compreende o que vem antes ou depois, ou como
seu trabalho se encaixa na estrutura. Apenas faz.