quarta-feira, 18 de julho de 2012

E a qualidade dos serviços?


Agencia Nacional de Telecomunicações – ANATEL suspendeu, a partir da próxima segunda-feira (23), as vendas de chips das empresas de telefonia móvel Oi, Claro e TIM em vários estados do país. A decisão foi anunciada nesta quarta-feira (18) pelo presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), João Rezende. A suspensão foi motivada por reclamações registradas na Anatel entre janeiro de 2011 e junho deste ano.

A medida adotada pela ANATEL levanta o debate sobre o processo de privatização do sistema de telecomunicações no Brasil.

A partir da década de 1990, uma das principais medidas adotadas no sentido de limitar o raio de atuação governamental foi a transferência dos direitos de propriedade de empresas estatais para a iniciativa privada, processo que ficou conhecido como privatização. Em outras palavras, bens e serviços que antes eram providos diretamente pelo governo, em suas diferentes esferas de administração (federal, estadual ou municipal), foram repassados para empresas privadas.

O Sistema Telebrás foi privatizado em leilão na Bolsas de Valores do Rio de Janeiro no dia 29 de julho de 1998, durante o governo Fernando Henrique Cardoso.
Segundo o discurso oficial da época, buscava-se, com a privatização, uma elevação da produtividade e da eficiência na prestação dos serviços e a perseguição, pelas empresas, de políticas comerciais mais adequadas ao mercado, com a oferta de uma cesta de produtos que melhor atendesse às demandas dos usuários.

Apesar do aparente sucesso no processo de universalização do acesso a serviços de telefonia, sendo o avanço no número de telefones, fixos e móveis, em uso no País o principal ponto positivo da privatização do Sistema Telebrás, após mais de uma década do processo de privatização, inúmeros problemas são apontados pelos usuários/consumidores e também pelos trabalhadores.

O custo de acesso aos serviços telefônicos certamente figura no rol dos principais problemas do setor após o processo de privatização. No município de São Paulo, por exemplo, entre 1998 a 2007, os preços das tarifas telefônicas elevaram-se em mais de 121,0%, ao passo que o índice geral da inflação acumulou, em igual período, um aumento de aproximadamente 93,41%.

Além disso, as empresas do setor têm figurado nos últimos anos sempre nas primeiras posições do ranking de reclamações registradas pelos órgãos de defesa dos consumidores, em especial nos Procons (Fundações de Proteção e Defesa do Consumidor). De acordo com relatório divulgado pelo Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC), do Ministério da Justiça, mais de um terço das reclamações recebidas pelos Procons do país estão relacionadas com a telefonia móvel, incluindo a prestação do serviço e o produto.

A desestatização do sistema brasileiro de telecomunicações trouxe profundas mudanças para o emprego e para a organização do trabalho do setor. Com o advento da privatização, as relações de trabalho tornaram-se mais instáveis e vulneráveis; a rotatividade ampliou-se significativamente; as regras de progressão funcional e a remuneração tornaram-se mais vinculadas ao comportamento da produtividade e ao desempenho individual; os salários reais declinaram; o ritmo de trabalho intensificou-se consideravelmente, entre outros aspectos.

Além disso, a terceirização dos serviços contribuiu fortemente para a queda nocnúmero de trabalhadores classificados como empregados no setor de telecomunicações.
Na medida em que as atividades de apoio (vigilância, limpeza etc.), ou mesmo de instalação e manutenção de equipamentos, passaram a ser executadas por empresas subcontratadas, não classificadas no setor de telecomunicações, o emprego nelas gerado também deixou de ser contabilizado neste setor.

E você, o que acha de tudo isso?
Pense!

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