quarta-feira, 27 de junho de 2012

O atendente de telemarketing é o novo boia-fria


A 7ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro condenou a TNL Contax a indenizar em R$ 10 mil uma operadora de telemarketing por cárcere privado (processo número 0001357-08.2010.5.01.0003). A funcionária da empresa foi impedida de sair do prédio onde trabalhava quando faltou energia elétrica, mesmo depois de soado o alarme de incêndio e um cheiro de queimado. Segundo o processo, gestores da empresa instruíram a brigada de incêndio para que não deixassem ninguém sair e mantiveram os acessos bloqueados. A empresa nega o cárcere privado e diz que não houve curto-circuito ou odor de queimado.

A decisão foi tomada no mês passado, mas veio a público nesta semana. O gancho é ótimo para retomar uma discussão já travada aqui. Os trabalhadores de telemarketing são a ponta de lança do mau atendimento prestado pelas empresas no país. É o pessoal treinado para segurar a insatisfação, não deixando o problema subir para onde não há baia apertada e sim sala com vista. A função é semelhante ao capataz que fica entre o senhor e os escravos, que entende perfeitamente e concorda com a reclamação do consumidor, porque é um deles, mas tem que cumprir ordens para sobreviver.

Ou, melhor, regras que foram entregues a eles em duas tábuas de pedra sob o título: “para ser aplicado, não questionado”. É como a fórmula de Bhaskara na escola: você não entende como chegaram naquilo, mas usa mesmo assim para passar de ano. É a alienação completa do trabalhador, que não compreende o que vem antes ou depois, ou como seu trabalho se encaixa na estrutura. Apenas faz.



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